Passou dos 60? Ótimo momento para começar a se exercitar!
Em setembro, Marcio Atalla embarca para visitar seis países, a fim de ver de perto como cada um deles está tratando a questão do sedentarismo. O resultado desse roteiro por Holanda, Dinamarca, Inglaterra, Estados Unidos, Canadá e China vai ser um documentário que será exibido nos cinemas e transformado numa série de quatro capítulos para o "Fantástico". Especialista em saúde e bem-estar, Atalla se formou em educação física na USP, onde também fez pós-graduação em nutrição aplicada ao exercício físico e doenças crônicas. Diz que a viagem é um desdobramento do projeto "Vida de saúde", realizado em Jaguariúna, ao qual se dedicou de abril a dezembro de 2016 e que levou 40% dos moradores da cidade no interior de São Paulo a mudar seus hábitos de alimentação e atividade física. "O sedentarismo é o grande problema de saúde pública no mundo. Nos últimos dez anos, o brasileiro até melhorou a qualidade da sua alimentação e passou a consumir mais frutas e menos refrigerantes, mas a obesidade aumentou 60%, justamente por causa da falta de exercício. O sedentarismo custa, em termos globais, 68 bilhões de dólares por ano", explica.
O que Atalla pretende mostrar é como é possível mexer em alguns fatores para alterar o resultado dessa equação tão ruim. "São três grandes pilares, os mesmos que trabalhamos em Jaguariúna", diz. "O primeiro é alterar o meio ambiente: em Amsterdã (Holanda) e Copenhague (Dinamarca), o governo criou tantas dificuldades para a circulação de carros que as pessoas adotaram a bicicleta para se locomover, o que combateu o sedentarismo. Na China, em compensação, o enriquecimento levou parte da população a abandonar as bicicletas e o número de obesos dobrou". O segundo pilar é a premiação: na Inglaterra, agentes de saúde são recompensados se conseguem fazer com que os pacientes sob sua responsabilidade controlem o diabetes, por exemplo. No Canadá, pacientes que zelam pela saúde com mais responsabilidade também têm prioridade na marcação de exames. "São dois bons contrapontos aos Estados Unidos", ele afirma, "país que gasta 11 mil dólares por habitante em despesas médicas, anualmente, mas cuja expectativa de vida caiu pela primeira vez ano passado. Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Stanford compararam dados de 1988 a 2010 e constataram que era principalmente a falta de atividade física que levava à obesidade, e não a ingestão de alimentos".