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Idosos provam que não há idade para começar o fazer artístico

Idosos provam que não há idade para começar o fazer artístico


Não há idade para apreciar uma boa música, e menos ainda para se deixar envolver e seguir os passos que as batidas e acordes ditam. Na juventude, Maria Rodrigues gostava de dançar, "ia para o clube e dançava valsa, até tango se tocasse".

Porém, quando casou, aos 36 anos, os ‘passos’ ficaram para trás. "Eu era muito bem casada, amava meu marido, mas como ele não sabia dançar, eu parei. Fiquei viúva 14 anos depois e também não tive mais vontade". Quase 50 anos depois, ela encontrou na dança uma forma de se redescobrir e expressar a alegria que sente de viver.

Duas vezes por semana, Maria vai à Universidade Sem Fronteiras para as aulas de dança de salão. "Antes eu fazia ginástica, mas ficava tonta, ai vim dançar aqui porque como eu tenho labirintite, um médico disse que a dança serve para a cabeça e para o corpo todo". Aos 85 anos, ela conta que se sente mais disposta. Na sala de dança, ao começar a tocar um forró pé de serra, Maria, que é tão pequenina, se faz grande nos passos, risos e até alguns rodopios. "Forró é o que mais gosto porque mexe com a gente todinha, dá uma vontade de dançar, quando começa a tocar as pernas já começam a se mexer", revela.

Assim como a dança, o gosto pela literatura não tem hora e nem lugar para começar. Filha de professora, Núbia Brilhante sempre gostou de ler. A mãe, que escrevia algumas poesias em ocasiões especiais, permitia que a filha declamasse e esse era seu maior prazer.



Em 2014, aos 67 anos, Núbia entrou em um curso de criaçãoliterária. "As pessoas sabiam que gostava de poesia e me indicaram. Mas quando eu cheguei lá, o professor dava a aula, falava do poeta, depois passava como tarefa de casa que a gente escrevesse uma poesia. Eu disse a ele ‘olha, eu to no curso errado, eu gosto mesmo é de declamar, nunca escrevi nada’. E ele me disse que todo mundo é capaz de escrever a sua história".

E foi assim, para contar suas histórias, que Núbia, de papel e caneta em punho, começou a escrever. "Sempre que eu tô em casa eu escrevo alguma coisa, quando vejo uma frase, aquilo já me inspira e eu escrevo, eu já tenho esse hábito". Agora, aos 70, ela se prepara para lançar seu primeiro livro, Sentimentos Brilhantes. "Tudo pra mim é uma inspiração, até o sermão do padre me inspira, aí fico sem prestar atenção na missa, doida pra escrever", conta aos risos. "Escrever para mim é uma forma de me libertar", completa.

As atividades ligadas às artes, como a dança, a pintura, a escrita e o canto, são benéficas aos idosos pois trabalham aspectos como cognição e memória, explica Ingrid Nogueira, supervisora assistencial do Trabalho Social com Idosos. "Além disso, o idoso se sente mais valorizado, ele vê que tem potencial e a arte se torna um projeto de vida". A idade não é um obstáculo para exercer o fazer artístico, podendo ser até fundamental. "O idoso é uma figura importante para as artes porque quando ele já é artista, ele passa para outras gerações, e mesmo quando ele ainda vai aprender, ele coloca suas experiências".

A explicação para que muitos idosos comecem a se dedicar a alguma arte após entrar na terceira idade é que passam a ser mais livres das obrigações do cotidiano. "Às vezes o mundo cobra tanto que, mesmo no ócio, a gente não consegue relaxar. Mas nessa fase podemos nos permitir mais", completa Maria Cecília Oliveira, diretora da Universidade Sem Fronteiras.

O CUIDAR IDOSO não se responsabiliza, nem de forma individual, nem de forma solidária, pelas opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos, por serem de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es).

Fonte: Jornal O POVO