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Velhice não é beco sem saída | Blog | Cuidar Idoso
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Velhice não é beco sem saída

Velhice não é beco sem saída


O que é ser idoso para você? O enfermeiro Fábio Miranda fez a pergunta repetidas vezes a um grupo de senhores e senhoras com mais de 60 anos que frequentam o centro municipal de saúde do bairro do Vidigal, Zona Sul do Rio. A resposta ora vinha carregada de entusiasmo, sentimento positivo e empolgação, ora evidenciando receio, fadiga, dúvida, queixa física e mental, além de angústia a respeito do próprio cuidado de si. Envelhecer, naquele espaço e naquelas condições, não é fácil, constatou ele em sua dissertação de mestrado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Os discursos, por sua vez, também revelam o surgimento de um novo paradigma da velhice na atualidade: os velhos de agora querem novas demandas e desafios nos seus respectivos espaços sociais de convivência. A velhice, segundo o autor, não precisa ser um beco sem saída.

"Após o contato e acolhimento da demanda de idosos frequentadores do Programa Academia Carioca da Saúde (PACA), retomei um antigo desejo de estudar o processo de envelhecimento. A cada encontro, a curiosidade crescia, e eu queria descobrir as histórias de vida por trás daqueles depoimentos", conta o enfermeiro.

Entre a singularidade das emoções e a experiência compartilhada no espaço social, Miranda quis investigar como os idosos experimentam a velhice, afinal, e o que pode potencializar ou prejudicar a longevidade, considerando a relação entre o cuidado e si, envelhecimento e saúde. "Por que alguns idosos frequentam a academia e outros não? Qual a relação entre a saúde e o envelhecimento para promoção e prevenção de agravos no entendimento dos participantes do grupo?", ele foi enfileirando as perguntas.

As respostas obtidas vão além. "As falas também reproduzem as dificuldades e limitações físicas e sociais que são impostas aos velhos, mas o que se sobressai é o conteúdo incorporado na vida desses sujeitos, que são revigorados por novos projetos de vida, o que põe em xeque que é possível manter-se ativo e autônomo independentemente da idade e nas diferentes formas e dinâmicas de envelhecer no curso da vida", explica o enfermeiro.

O Programa Academia Carioca foi implantado no Rio de Janeiro em 2009, coordenado pela secretaria municipal de Saúde e vinculado às Unidades de Atenção Primária, os centros municipais de saúde e clínicas da família. Ao promover a prática de atividade física de forma mais acessível como estratégia de manutenção da saúde, o programa está alinhado com o movimento de revisão de modelos tradicionais sobre a velhice, afirma o enfermeiro, cujo foco é o universo do cuidado de si na percepção dos idosos frequentadores do PACA.

"O PACA é um dispositivo interessante no território da saúde pública por promover um estilo de vida mais saudável, ativo e autônomo. Seria interessante, no entanto, adicionar outras práticas interativas e complementares", pondera Miranda.

Ao questionar os idosos sobre como eram os cuidados com a saúde antes de frequentar a academia e iniciar a prática de exercícios, quais os motivos que os levaram até lá, assim como os significados das atividades em grupo na vida de cada um deles, Miranda constatou que, em alguma medida, os idosos ultrapassaram os limites e preconceitos da inatividade e da pobreza.

"Eles se remodelaram. E isso ocorreu tanto no espaço público como dentro dos seus próprios domicílios. Ao usar a internet, rezar, fazer caça-palavra ou suas atividades domésticas como cuidar da família, da casa, das plantas e do cachorro, por exemplo, eles estão aderindo às suas próprias descobertas a respeito do que lhes dá bem estar. Envelhecimento não deve e nem pode mais ser associado a doença e decadência meramente", pontua.

É preciso tornar público e estimular o debate sobre o aumento da longevidade, fenômeno que ocorre no Brasil como em boa parte do mundo, defende Miranda. "Há uma nova cena sobre velhice. É notório que a pirâmide etária mudou. Mas ainda há muito a se trilhar até que fique para trás o estereótipo do velho improdutivo e impotente, sentado, doente, esperando o dia acabar. A velhice não precisa ser um beco sem saída, ela pode ser um recomeço inspirado pela criatividade e pela vontade de transformar antigos sonhos em novos movimentos de vida", afirma.

Estar em grupo e reconhecer o valor da presença do outro também são determinantes. O desafio que se impõe a todos, segundo Miranda, é duplo: experimentar a solidão e, ao mesmo tempo, reinventar formas de convívio. "Pensar no envelhecimento criativo hoje é, sobretudo, provocar e promover intensidades nos encontros inevitáveis que constituem a vida de todo ser", finaliza.

O CUIDAR IDOSO não se responsabiliza, nem de forma individual, nem de forma solidária, pelas opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos, por serem de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es).

Fonte: http://blogs.oglobo.globo.com/depois-dos-50/post/velhice-nao-e-beco-sem-saida.html